quarta-feira, 15 de junho de 2016

Cota alta.


A luz de poente empresta aos aposentos da cota mais alta da hospedaria uma atmosfera de intimidade absolutamente protectora. É quase nulo o ruído longínquo da rua que aqui penetra. Ou nem penetra. É um silêncio inebriante. Por vezes, basta subir alguns degraus, transpor a porta de entrada de um lugar desconhecido, para nos sentirmos aspirados por um mundo diferente, onde tudo o que nos pairava na mente, tudo o que desejávamos e acreditávamos momentos antes se encontra agora ali, a nu, virado do avesso. É aí que começa o preludio febril em que se anseia por começar uma história sem história nesse universo invertido, adúltero.

(do not disturb, please.)

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